Ovodoação e ovorecepção: o que é?
A doação de óvulos ou ovodoação consiste na cessão de óvulos, a fim de que sejam fecundados, formem embriões e, posteriormente, sejam transferidos para o útero da pessoa receptora, almejando uma gravidez.
A doação e recepção de óvulos é um recurso muito utilizado em procedimentos de reprodução assistida. Pacientes que não possam usar seus próprios gametas podem encontrar nos bancos de óvulos uma solução viável.
Existem várias razões para que uma pessoa possa precisar recorrer a um banco de óvulos, como: realização de ciclos de FIV sem sucesso, menopausa precoce ou falência ovariana prematura, casais homoafetivos, ausência de ovários devido a cirurgias e perda da capacidade de produzir óculos devido a quimioterapias.
A escolha pela importação de óvulos de um banco de doadores permite o processo de um modo sigiloso e sem lista de espera. Clínicas de fertilidade geralmente mantêm um registro permanente de doadoras, onde constam: dados clínicos, características fenotípicas (aparência física) e exames laboratoriais que atestem a saúde da doadora.
Regras e ética para ovodoação/ovorecepção
No Brasil, o processo é regido pelas normas do Conselho Federal de Medicina, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da legislação brasileira.
Para a pessoa doadora, o benefício é viabilizar sonho de preservação da fertilidade ou fertilização in vitro com custos bem reduzidos e, também, ajuda outras pessoas que estão em busca do mesmo sonho de formar familias.
Para a pessoa receptora (ou a família), basta buscar orientação com o seu médico especialista em fertilidade. O especialista poderá indicar clínicas da região que contam com bancos de óvulos.
É extremamente importante que a pessoa/família receptora tenha apoio psicoemocional antes de tomar a decisão de ovorecepção. O processo apresenta a vantagem de a pessoa receptora vivenciar o processo da gravidez e parto, favorecendo o vínculo mãe-bebê. Caso haja um cônjuge, este também pode participar do processo da gravidez e do nascimento do bebê, fortalecendo os laços de toda a família.
Mulheres solteiras também podem buscar ovodoação para FIV, para uma gravidez independente/monoparental.
Processo para doar óvulos
A pessoa doadora de óvulos tem sua identidade preservada, sendo seu anonimato garantido pela legislação brasileira. Em alguns países, é permitido que a pessoa receptora veja fotos das doadoras, mas no Brasil apenas a equipe médica tem esse acesso.
A doadora deve passar por consultas médicas, com ginecologista e geneticista, além de avaliação psicológica para avaliação do bem-estar emocional e motivação da doação. É preciso fazer exames de rotina, ginecológicos e genéticos, além do rastreamento e confirmação de exames virais negativos.
A pessoa doadora é submetida a um ciclo usual de estimulação ovariana controlada. Como é esperado um número grande de óvulos coletados, as doadoras têm risco aumentado para Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO), e, por isso, dá-se preferência à utilização de protocolo de indução com antagonista do GnRH. Confirmando o crescimento de muitos folículos (15 ou mais), pode-se optar por substituir o uso de hCG para maturação final dos óvulos por agonista do GnRH, praticamente anulando a chance da Síndrome de hiperestimulação.
Após a coleta, os óvulos são fertilizados pelos espermatozóides – do cônjuge da receptora, caso o haja, ou do doador de sêmen, caso a receptora opte por produção independente.
Após cerca de 24h, sabem-se quantos embriões se formaram, e eles ficam no laboratório por mais cinco dias, antes de serem selecionados e transferidos para o útero da receptora. Essa aplicação é feita por um cateter via vaginal e não requer sedação ou anestesia.
Processo para recepção de óvulos
A pessoa receptora recebe aplicações de dois hormônios (estrogênio e progesterona) para o preparo do endométrio, a fim de receber os embriões, visto que não existe indução de ovulação.
Uma vez que o endométrio esteja adequado, a receptora inicia o uso da progesterona e a doadora inicia o processo de colher os óvulos. A progesterona pode ser ministrada via comprimidos orais, cápsulas gelatinosas vaginais, gel vaginal ou injeção intramuscular.
Entre o terceiro e o quinto dia de desenvolvimento embrionário, são transferidos até dois embriões para o útero da pessoa receptora. Este número – dois embriões – é o máximo permitido pelo CFM, pois leva em conta a idade da doadora ( no máximo de 37 anos).
Caso a gravidez seja confirmada, a reposição hormonal deve ser mantida por cerca de doze semanas.
Como escolher a doadora certa?
O processo de escolha da doadora de óvulos varia em seus detalhes de acordo com a clínica. Num geral, a pessoa receptora preenche um questionário e a equipe da clínica cruza as informações com as informações de doadoras disponíveis no banco. A partir daí, são feitos exames de compatibilidade para encontrar a doadora ideal.
Uma vez que a doadora seja escolhida, a documentação é assinada por ambas as partes e pode se dar início aos tratamentos.
Posso doar/receber um óvulo para/de uma pessoa conhecida?
A partir de junho de 2021, o CFM permitiu a doação de gametas entre parentes de até quarto grau, desde que não incorra em consanguinidade. Se não for esse o caso, todas as outras doações são anônimas.
O filho gerado com um óvulo doado terá os cromossomos da receptora?
Não. Terá os cromossomos da pessoa doadora. A pessoa que engravida utilizando óvulos doados terá um filho geneticamente compatível com a doadora dos óvulos e a pessoa que forneceu o sêmen (cônjuge ou doador).
Qual a idade máxima para se engravidar via FIV com ovorecepção?
Não existe legislação determinando um limite, previamente era de 50 anos. Mas atualmente, após essa idade, é importante a avaliação da saúde da paciente por vários especialistas, para liberar a gestação.
Quais são os exames requeridos neste processo?
Pessoas doadoras:
- Cariótipo em Banda G;
- Tipagem sanguínea;
- Exames gerais de avaliação de reserva ovariana como AMH e ultrassom para contagem de folículos antrais;
- Sorologias: anti HIV, Hepatite B e C, Sifilis, Htlv 1 e 2 , Zika Virus Igm;
- Pesquisa endocervical de clamidia e gonorreia.
Pessoas receptoras:
- Sorologias: Anti HIV, Hepatite B e C, Sífilis, Htlv 1 e 2 , Zika Virus Igm;
- O restante dos exames depende de caso a caso.
Quanto custa um óvulo de doadora?
Não se vendem óvulos (nem espermatozoides). A comercialização de óvulos é proibida por lei. Os valores pagos são pelos serviços da clínica, da equipe médica, insumos e afins.
Dúvidas? Fale conosco.
A Dra. Lorena Urbanetz [RQE 84889 | RQE 84889-1 | RQE 84889- 2] é médica especialista em reprodução assistida e tratamentos de fertilização in vitro (FIV). Atende em São Paulo, na Clínica Gera. Entre em contato por telefone ou WhatsApp e agende um horário para uma conversa.
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